Resenha de Lembranças de 1848, de Alexis de Tocqueville

Lembranças de 1848

 

 

Algumas das posições políticas que Tocqueville mantém durante sua carreira política e como ministro de relações exteriores são a defesa da República, a admiração pela aristocracia inglesa e sua repulsa por Napoleão III e a previsão de que ele restauraria uma monarquia deformada. Esse livro de memórias de Tocqueville é muito mais fácil de se entender e mais bem escrito do que o 18 Brumário de Luís Bonaparte, de Karl Marx.

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Resenha de As Leis de Platão

Platão As Leis

No livro III de As Leis, o personagem O Ateniense( Platão) pergunta a Clínias qual é a origem das constituições. Esse pede ao Ateniense a explicação e esse conta um mito: no princípio, já existiam cidades e constituições, mas o grande dilúvio que destruiu o mundo ( que é narrado em seu diálogo Crítias) fez desaparecerem as cidades e as constituições. O Ateniense diz que é fácil de se presumir que apenas aqueles que viviam nas montanhas, isso é, os pastores conseguiram sobreviver.

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Resenha de Uma Teoria da Justiça, de John Rawls

Uma Teoria da Justiça

Conhecer a filosofia de John Rawls foi uma bela e ótima surpresa que eu tive. Como a filosofia política é uma das áreas que eu mais estudo, esse livro do filósofo americano traz uma nova reflexão sobre esse tema. A maneira como Rawls apresenta sua ideia de justiça é muito agradável de se ler, mas é preciso prestar atenção pois ele acrescenta termos novos durante os capítulos do livro.

Rawls é um contratualista na mesma tradição de Locke, Rousseau e Kant. No capítulo inicial chamado de Justiça como Equidade, Rawls apresenta a sua concepção de justiça e tenta diferenciá-la do utilitarismo de Bentham e Mill e também do intuicionismo. O filósofo americano define sua teoria como deontológica, na mesma tradição de Kant, o que é o oposto da tradição teleológica, que visa atingir um fim ou objetivo.

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Resenha de O Antigo Regime e a Revolução, de Tocqueville

o antigo regime e a revolução

Tocqueville é um dos meus autores favoritos, porque é conservador e tem uma linguagem muito clara. Já li muito sobre a revolução francesa, mas ainda ficava a dúvida sobre o que a motivou e as características do antigo regime que ela pretendeu abolir e que, no entanto, sobreviram à revolta. Tocqueville responde a essas dúvidas em algumas palavras: o que a revolução pretendia abolir era o feudalismo por seu ódio à Idade Média. Essa era a questão principal, pois outros motivos foram secundários como a tentativa de centralizar o poder em Paris e a guerra contra a igreja católica.

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Resenha de Origens do Totalitarismo, de Hannah Arendt

Origens do Totalitarismo

“If you have lost possession of a world,

Be not distressed, for it is nought;

And have you gained possession of a world,

Be not o’erjoyed, for it is nought.

Our pains, our gains all pass away;

Get beyond the world, for it is nought.”

Anwari Soheili

Adoro os livros de Hannah Arendt pelo seu jeito de escrever, suas análises filosóficas e a profundidade de seu pensamento. Origens do Totalitarismo é uma de suas obras mais conhecidas. Como eu já li sua obra Eichmann em Jerusalém, percebi que Arendt domina como poucos o tema do antissemitismo. É justamente por essa questão que ela começa o livro. Não esperem que ela vá descrever toda a história da perseguição aos judeus desde a Antiguidade, pois ela não faz isso. O antissemitismo religioso que vigorou até o começo do século XIX foi substituído a partir da segunda metade daquele século por um antissemitismo político. Arendt se concentra em alguns países como a França, a Inglaterra, a Alemanha e a Áustria para demonstrar a evolução do sentimento antijudaico.

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Resenha de Uma Nova República, de John Lukacs

UMA_NOVA_REPUBLICA_

O historiador conservador norte-americano de origem húngara, John Lukacs, queria expor sua profunda convicção que os Estados Unidos caminham para uma sociedade dominada pela inflação, tanto do dinheiro como de palavras e publicidade, pela burocracia, pelo automóvel e o conservadorismo. Para quem já leu a obra de Tocqueville, A democracia na América, a compreensão do livro se torna mais fácil-até porque Lukacs começa seu livro pelo próprio Tocqueville. De uma nação que estava isolada e não tinha objetivos imperialistas, que acreditava nos ideais da democracia, de um ensino de qualidade para as crianças , de um funcionalismo público que não procurava privilégios e que era respeitado pela população, e era uma das nações com a maior taxa de casamentos e natalidade do mundo, os Estados Unidos sofreram uma profunda transformação no século XX em relação ao tempo em que Tocqueville escreveu sua magistral obra.

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Resenha de A Democracia na América, de Alexis de Tocqueville

Democracia na América

Livro obrigatório para quem estuda ciência política, A Democracia na América se mantém como uma obra fundamental para a compreensão do poder e da grandeza dos Estados Unidos. Tocqueville escreveu essa sua obra-prima com apenas 30 anos, e ele demonstrou um profundo entendimento das leis e instituições americanas depois de apenas algum tempo vivendo na América. O resultado é um livro que prova que a liberdade, a busca pela igualdade, o respeito pelos magistrados e à lei e o estabelecimento de instituições democráticas, aliadas a uma constituição que é conhecida e respeitada pelo povo, podem produzir uma nação sem paralelo em qualquer época da humanidade.

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Resenha do Segundo Tratado sobre o Governo, de John Locke

 

Locke governo civil

 

A filosofia política de John Locke foi uma consequência lógica do protestantismo inglês, e foi a base para o surgimento da maior nação de todos os tempos: os Estados Unidos.

Locke era um contratualista, de maneira que ele também acreditava que o homem vivia em seu estado original uma vida em estado de natureza. Cada homem era o seu próprio juiz, e a propriedade privada encontrava sua existência e limitação pelo trabalho humano, mas como começaram a surgir problemas para a delimitação do tamanho da propriedade, e a necessidade de um poder independente para ser o juíz dos homens, nasceu,assim, o governo, ou Estado.

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Resumo da Filosofia de Hobbes: O Nominalismo e a Negação da Liberdade

Hobbes

O pensamento de Hobbes
Hobbes define a filosofia como o estado das coisas à luz da razão e exclui dela tudo o que depende da revelação. O sistema de Hobbes pode ser definido por este princípio:” todo ser é corporal e tudo o que acontece se explica pelo movimento”, ele continua:” toda a mudança se reduz a um movimento dos corpos modificados, a saber, das partes do agente ou do paciente”.

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Resenha de O Século Soviético, de Moshe Lewin

Seculo Sovietico

 

A União Soviética foi a maior experiência revolucionária da história, e sua existência marcou o século XX nas áreas política, econômica, tecnológica e militar. Moshe Lewin defende a ideia de que a revolução foi positiva, apesar dos crimes de Stalin em seu Grande Terror e no processo de industrialização durante a década de 1930. Uma tese polêmica do autor é que ele diz que Lenin em seus últimos dias lutou para evitar que o poder caísse nas mãos de Stalin, e que sua última vontade era de criar um regime que fosse lentamente caminhando para uma democracia.

Se analisarmos a mentalidade de Lenin, veremos que essa tese de Lewin é falsa. A mentalidade do comunismo só funciona com a existência de um líder que concentre em suas mãos todo o poder. Lenin nunca admitiu concorrência, e viu em Stalin um homem de ação, que ele preferiu ter como homem de confiança muito mais do que o teórico Trotsky. Lewin tenta inocentar Lenin dos futuros crimes de Stalin, mas não convence.

O autor não escreve muito sobre o período stalinista, preferindo se concentrar em Khrushchov e seus sucessores. Ele louva às conquistas do mundo soviético como a educação em massa, uma legião de leitores entre a população e a existência de uma ordem pública.

Lewin também demonstra que a experiência da liberação do aborto na década de 1920 resultou em um grave problema de natalidade e de invalidez entre às mulheres. Stalin dificultou o aborto na década de 1930. Outra distorção foi o fato da busca forçada de igualdade entre homens e mulheres, em que essas últimas foram obrigadas a realizar trabalhos pesados na indústria, o que prejudicou sua saúde física e mental.

Lewin é contraditório em elogiar aos feitos do comunismo, ao mesmo tempo que tenta dissociá-los do regime de Stalin. Ora, se a União Soviética foi o que foi, isso se deve em sua maior parte à personalidade se Stalin, ou Lewin acha que a indústria pesada, e o complexo militar e espacial soviético surgiram graças a quem?

Se o bolchevismo foi vitorioso, diz Lewin, isso se deve ao fato de que o exército Branco na guerra civil russa tinha como objetivo ressuscitar o feudalismo-escravocrata do czarismo, assim como o velho antissemitismo russo. O exército Branco perdeu porque não tinha nada a oferecer à população.

No final do livro, Lewin lamenta a situação atual da Rússia, que está dominada por gângsters, mafiosos e drogados. Todo o sistema soviético de proteção social desapareceu, e nada foi oferecido que fosse superior ao que existia.

Agora, uma reflexão sobre as inegáveis conquistas do regime soviético: Tudo isso fez valer o sacrifício de milhões nos Gulags, no Grande Terror, na perseguição aos religiosos, e sobretudo em uma tentativa que se revelou trágica de criar um homem novo e uma sociedade nova? A resposta é não. O livro de Lewin é uma boa reflexão sobre esse período, especialmente se você gosta de ler sobre a revolução russa e a história do comunismo.