Resenha: Là-bas, de Joris-Karl Huysmans

la-bas-by-jk-huysmans

Resenha escrita a partir da edição original em francês.

Pouco conhecido no Brasil, o escritor francês Jori-Karl Huysmans colocou na forma de romance sua descida pessoal aos subterrâneos não somente da sociedade francesa do século XIX, mas também da própria alma humana. O romance Là-bas reproduz o tema do satanismo e sua presença em um mundo moderno já tomado pelo Positivismo. Aliás, o século XIX foi o século otimista e racionalista por natureza, mas a presença de algumas trevas da Idade Média ainda se faziam presentes. [Read more…]

Resenha: Número Zero, de Umberto Eco

imagem número zero

O novo romance de Umberto Eco denuncia o fenômeno mundial do mau uso do jornalismo, no entanto parece ter sido escrito tendo como exemplo o jornalismo brasileiro. Da mesma forma que alguns outros livros do autor, o Número Zero descreve uma pequena conspiração- apesar de que Eco sempre tenta minimizar ou ridicularizar teses conspiracionistas- de alguns jornalistas que lançam um novo jornal, na Itália no ano de 1992, que tem o nome que dá título ao livro.

Eco é muito bom no uso da ironia em vários momentos, pois os personagens são caricaturas dos jornalistas atuais. Ele atualmente reflete sobre como a internet deu voz aos idiotas que tempos atrás não teriam como se expressar. O Número Zero seria uma pré-história dessa manifestação do que há de pior em termos de notícia e opinião. O que os editores desse jornal desejam fazer é manipular os leitores simplesmente lançando teorias as mais absurdas mas com ar de verossimilhança. Para isso não vacilam em usar chavões e frases feitas que tornam mais fácil a assimilação dessas falsidades por parte do leitor. [Read more…]

Resenha: The Demon (O Demônio), de Hubert Selby Jr

the demon

Impressionante e assustador. Essas duas palavras são as que melhor definem o livro de Hubert Selby Jr, “The Demon”, que é um clássico do autor sem tradução em português. Selby Jr tem um estilo peculiar de escrita no qual ele não usa aspas ou, por exemplo, travessão, quando algum personagem vai iniciar alguma fala. Seu inglês é simples, apesar de que algumas expressões idiomáticas tornam a leitura um pouco difícil em algumas passagens.  Ele também foi o autor do livro “Requiem for a Dream” levado ao cinema no ano 2000, e que teve o título no Brasil de “Réquiem para um Sonho”. Selby Jr ficou conhecido por abordar o submundo da sociedade americana, mas isso não deve enganar quem lê The Demon, pois aqui o autor conseguiu alcançar um nível de profundidade que fala ao Homem de todas as épocas. [Read more…]

Resenha: Dante e a Filosofia, de Étienne Gilson

Dante e a Filosofia imagem

A Divina Comédia de Dante Alighieri é o maior e mais belo poema já escrito, e, desde que o li há muitos anos, considero-o meu livro favorito. Quem o lê sabe que é um livro muito complexo e cheio de referências à filosofia e à teologia. Várias passagens até são explicadas nas versões da Comédia que lemos, mas a maior parte das sutilezas e polêmicas de Dante é ignorada. O livro Dante e a Filosofia de Étienne Gilson vai muito além de explicações sobre a Divina Comédia especificamente, mas faz um estudo amplo sobre as ideias políticas e filosóficas do poeta florentino. O livro de Gilson é antigo, mas não está datado e continua a ser uma referência para o estudo de Dante. [Read more…]

Resenha: Romance d’A Pedra do Reino, de Ariano Suassuna

Ariano Suassuna

 

 

 

 

[Read more…]

Resenha: Doutor Fausto, de Thomas Mann

marlowe-dr-faustus-1663

 

Quem já leu a Montanha Mágica de Thomas Mann não ficará surpreso ou angustiado pelo estilo cuidadoso e lento com que ele desenvolve a estória. Posso garantir que quem tiver paciência para aguardar o final do livro não ficará decepcionado. No começo do livro até a sua metade, parece que Mann está mais preocupado com aspectos teóricos da música clássica europeia. Um bom conhecimento musical far-se-á necessário a quem quiser compreender mais profundamente essa obra. O que mais despertou-me a atenção para esse novo mito fáustico de Mann é o fato dele ter sido abordado pela literatura brasileira alguns anos mais tarde, porém com resultado diverso. Refiro-me a João Guimarães Rosa e ao seu Grande Sertão: Veredas, de 1956. Mann conta a vida de um estudante de teologia( Adrian Leverkühn) pela voz de seu amigo estudante de filosofia (Serenus Zeitblom). O jovem teólogo tem talento para a matemática e para a música. Resolve, então, dedicar-se à música. No meio da estória, Mann introduz o personagem do Demônio, que trava com Adrian um diálogo em que o pacto aparentemente não foi estabelecido. Ao longo do livro, a história da Alemanha desde o período anterior à primeira guerra, até  a derrota em 1945 vai sendo contada junto com a ascensão de Adrian. Uma crítica pode ser feita a Thomas Mann por introduzir no livro uma imensidão de personagens muitos dos quais não têm maior importância para o desenrolar da estória. Da mesma forma que na obra A Montanha Mágica, Adrian e o narrador ( Zeitblom) representam aspectos da mentalidade alemã que demonstram essa ambivalência entre a cultura humanística e o apelo ao pacto fáustico. No final do livro é-nos revelado que Adrian, de fato, fez o pacto demoníaco. É claro que isso é apenas uma metáfora para o verdadeiro pacto diabólico que a Alemanha fez com Hitler. Adrian conclui sua carreira na música com a obra intitulada Doutor Fausto. Depois disso, enlouquece. Mann faz a mesma pergunta à Alemanha: após os primeiros triunfos na segunda guerra contra a França e a União Soviética, qual será o preço a ser pago pela nação? O que restará do espírito alemão, já que da alma de Adrian nada restou? Como eu mencionei no começo da resenha, existe uma semelhança entre Mann e Rosa, mas a inteligência e a grandeza de alma dos dois chegaram a resultados diferentes. Mann reconhecia o pacto e o perigo que a Alemanha corria. Rosa, que era um gnóstico, negou o pacto e impediu a literatura brasileira de ter um mito como o germânico que nos alertasse para diversos perigos que a alma brasileira enfrentaria. O sentido do diabólico foi captado pelo gênio da litaratura alemã, enquanto no Brasil o Diabo foi visto por Rosa como sendo um ente não real. Sem reconhecermos o perigo dos abismos do Maligno e da sedução para o Mal, como uma nação poderá fazer uma reflexão sobre as ameaças que as afligem? Essa é uma das diferenças que separam a literatura e a nação  brasileira de  países mais experimentados e prudentes como os da Europa.

Resenha: Prometeu Acorrentado, de Ésquilo

32786582_1794014380675646_1338543252336279552_n

 

“Foi em sua juventude – a saúde estava queimando seu sangue e seus poderes cresciam dia a dia.

Então a arrogância de Prometeu falou completamente a Epimeteu, seu amigo e irmão:

Sejamos diferentes dos muitos que estão na multidão geral. Pois, se seguirmos nosso costume no exemplo comum, seremos uma recompensa comum e nunca seremos sanguinários e profundos.”

Carl Spitteler, Prometheus und Epimetheus (tradução nossa a partir do original alemão)

Es war in seiner Jugendzeit – Gesundheit rotete sein Blut und taglich wuchsen seine Krafte – . 
Da sprach Prometheus Obermutes voll zu Epi metheus seinem Freund und Bruder: 
Auf lass uns anders werden, als die Vielen, die da wimmein in dem allgemeinen HaufenI 
Denn so wir nach gemeinem Beispiel richten unsern Brauch, so werden wir gemeinen Lohnes sein und werden nimmer sptiren adeliges Gluck und seelenvolle

Carl Spitteler, Prometheus und Epimetheus (tradução nossa a partir do original alemão)
[Read more…]

Resenha: Antígona, de Sófocles

Antigona2

Antígona é uma peça escrita pelo dramaturgo grego Sófocles que aborda alguns dos temas que sempre estarão presentes em qualquer sociedade humana, que são: a consciência individual; o poder do Estado; a obrigação ou não de aceitarmos todas as leis; e a própria existência de uma Lei natural que transcende à dos homens. [Read more…]

Júlio César, de William Shakespeare

julio-cesar-william-shakespeare

 

Uma das melhores obras de Shakespeare, Júlio César é a história de um grupo de conspiradores liderados por Cássio e Casca, que convencem um grande amigo de César, Bruto, a acompanhá-los em seu plano de assassinar o grande general romano.

[Read more…]

A Tempestade, de William Shakespeare

miranda

 

A peça A Tempestade é , como em outras de Shakespeare, habitadas por seres mágicos e situações improváveis. Próspero é o Duque de Milão, que foi aprisionado junto com sua filha Miranda e agora vivem em uma ilha. Ele transforma-se em um mago, que tem como fiel servidor o espírito Ariel, que é visível apenas por ele. Na ilha vivia Caliban, uma figura meio monstruosa que era filho da poderosa feiticeira Sycorax. Próspero ensina Caliban a falar sua língua, e esse último por sua vez tenta estuprar Miranda e acaba por ser aprisionado. Próspero provoca um dia uma tempestade na qual naufragam seu irmão e outros personagens. É aí que a peça começa.

[Read more…]