Resenha de A Ditadura Envergonhada, de Elio Gaspari

Ditadura envergonhada

 

Os militares e o golpe de 1964
“Ignorar aquilo que aconteceu antes de você nascer, é permanecer para sempre uma criança” (Marco Túlio Cícero)

Para pessoas como eu, que só viveu um pequeno período da ditadura, esse pensamento de Cícero serve de alerta para que não voltemos a cometer o mesmo erro, e que valorizemos o valor da liberdade e da democracia.

Gaspari fez uma ampla pesquisa no Brasil e nos EUA para publicar um livro que, inicialmente, resumiria-se a história de Geisel e Golbery; no entanto, quando ele se deu conta, o livro já contava histórias de personagens diversos que participaram do golpe de 64 e dos governos militares que se seguiram. Em a ditadura envergonhada, Gaspari relata os últimos momentos do governo João Goulart e os bastidores do exército preparando-se para o golpe. O objetivo do autor é escrever um livro sobre como Geisel e Golbery ajudaram a derrubar Jango, ao mesmo tempo que iniciaram o processo de abertura do governo militar entre os anos de 1974 e 1979. Agora tentarei fazer uma análise dos acontecimentos do primeiro livro da série.

O primeiro capítulo, “o exército dormiu janguista”, narra os últimos acontecimentos do governo João Goulart na presidência. Goulart governava com um frágil equilíbrio de forças e com poder de ação limitado. Gaspari considera-o como uma personalidade fraca. O grande motivo de sua queda foi a reação de alguns setores mais conservadores da sociedade, como o exército e a igreja , às suas propostas de reformas de base. Esse capítulo, porém, exibe uma maior preocupação com os líderes militares e suas ações e reações ao discurso da central do Brasil, assim como as primeiras manobras que viriam resultar na revolução.

O capítulo seguinte ,“ o exército acordou revolucionário” ,é concentrado em algumas figuras como Castello Branco e Costa e Silva, assim como em alguns outros comandantes do exército de algumas regiões do país. Gaspari aproveita o acesso que teve aos arquivos norte americanos para contar a participação do governo Kennedy no golpe militar de 1964. Um personagem que surge com força é o embaixador americano Lincoln Gordon, que deu todo apoio ao golpe e ainda ofereceu ajuda militar, em uma operação conhecida como Brother Sam.

Gaspari dedica dois capítulos para contar a história de como Golbery criou o SNI, inspirado na CIA, e de como Fidel Castro ajudou diversos revolucionários de esquerda, principalmente a Brizola. Uma parte muito boa do livro é aquela em que o autor nos narra os diversos acontecimentos políticos e culturais que estavam acontecendo no Brasil e no mundo nos anos 1960. Tirando o fato de que vivíamos uma ditadura, essa época parece ter sido muito boa para se viver.

O livro também nos faz rir em alguns momentos quando, por exemplo, lemos os ridiculamente reacionários editoriais do jornal O Estado de São Paulo.

A questão da tortura e da espionagem parecem ser uma herança que o governo militar herdou do governo Vargas. Gaspari atribui à direita o início do processo de radicalização da política brasileira no início dos anos 1960. A corrida armamentista produzida pelos revolucionários de esquerda foi consequência da reação da direita.

O livro em alguns momentos é um pouco confuso, faltando a Gaspari a sobriedade e beleza da tradição dos historiadores ingleses aos quais estou acostumado a ler. Em vários momentos o leitor precisa absorver uma enxurrada de nomes e acontecimentos, o que dificulta um pouco a leitura, mas esse período da história do Brasil é muito importante, por isso eu creio que o leitor pode deixar passar essas pequenas falhas do autor.

Para quem pensa em ler um livro que conte como foi o governo João Goulart e um estudo sobre sua personalidade e ideias, esse livro não é recomendado. Trata-se de uma obra que esclarece os bastidores do exército e suas hierarquias, com ótimas passagens que esclarecem a participação americana no golpe, assim como a introdução da tortura e a promulgação do AI-5.

Resenha de Hitler, Volume 2, de Joachim Fest

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Hitler e a Alemanha
Joachim Fest diz que a Alemanha do início do século XX, apesar de seu progresso econômico, convivia com uma atmosfera romântica, onde sobressaíam figuras míticas de deuses antigos. Havia um espírito pessimista romântico e um culto do folclore germanístico. Os sentimentos de hostilidade à civilização foram associados ao nacionalismo, ao darwinismo social e ao racismo. Nietzsche havia declarado que ” a índole dos alemães era hostil à idade das luzes e subsistia uma adoração pelo passado, não dando lugar aos objetivos renovadores futuros. Substituiu-se o culto da razão pelo instinto”.

Fest culpa Richard Wagner por mobilizar a arte para condenar o mundo moderno. O resultado era o pessimismo a respeito do futuro, a angústia relativa à raça, o ideal antimaterialista, o temor diante de uma era de liberdade e igualitarismo, com o pressentimento de um declínio próximo.
Uma característica do fascismo é o culto dos sonhos mortos dos seus antepassados e o gosto pelo folclore. Na Alemanha os resultados foram o culto das danças populares, a festa do solstício de verão e a exaltação das mães de família de prole numerosa. Fest cita Thomas Mann que referiu-se a isso como “uma explosão arcaica”.Ao contrário do que pensavam os reacionários, Hitler não pensava de forma alguma ressuscitar os velhos tempos. O que ele pretendia era um reavivamento do instinto. Será que podemos ver aí uma influência de Nietzsche? O que o fascismo tinha de superior ao comunismo era que ele compartilhava as angústias da civilização e conferia um certo encantamento à vida cotidiana. O fascismo era uma rebelião a favor da ordem. Mussolini falava com desprezo da “deusa liberdade”. Podemos perceber essa mentalidade hoje em dia em que muitos no Brasil desejam sacrificar a liberdade a favor de um governo forte e autoritário, que promova uma suposta “ordem”.

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Hitler colocou no Mein Kampf o seu nacionalismo, seu anticapitalismo, seu culto à tradição, seu desejo de expansão, seu antimarxismo e seu antissemitismo. Hugh Trevor-Roper em uma descrição impressionante fala sobre Hitler:” faz lembrar uma antiga estátua bárbara erguida em meio a detritos de todos os dejetos intelectuais dos séculos passados”.

Hitler compartilhava com a direita católica o pavor da revolução de esquerda latente desde 1789 e soube compartilhar essa angústia com o povo. Sua mentalidade tendia a ter predileção pelas eras glaciais. Seu amigo Kubizek já havia notado a tendência de Hitler de “passar por cima de milênios com a maior calma”.Sua obsessão em combater os judeus era porque se considerava “a outra força” escolhida para salvar o universo ” e repelir o mal para os domínios de Lúcifer”. Ele disse de maneira blasfema: ” defendendo-me contra o judeu, luto pela obra do senhor”. Acreditava que a mistura racial e a contaminação do sangue eram os responsáveis pela decadência dos povos. Podemos ver o ódio de Hitler à União Soviética que ele associava ao judaísmo, e assim entendemos a simpatia despertadas entre tantos do clero católico e do protestante.

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Fest reconhece que houve no nacional socialismo traços propriamente alemães, mas eles são de uma natureza mais distinta e complexa do que se possa imaginar. A consciência alemã não conseguia aliar-se às tendências democráticas. Mas o antissemistismo não era um fenômeno tipicamente alemão. Enquanto Maurras e a direita católica na França invocavam “a glória da deusa França”, Hitler imaginava um império que iria até os Urais e que ele aniquilaria as raças que se opusessem a ele.

A Alemanha sentia pavor de uma revolução e havia um culto da ordem e do estado como um “para-raios” do mal, daí surgirá a fé no Fuhrer. Os alemães sentiam necessidade de proteção. Fest acredita que a falta de cultura política e as ideologias de tendência mitológica de Wagner são a chave para se compreender a chegada de Hitler ao poder.Wagner escreveu:” um político é repugnante”. Thomas Mann tinha ele mesmo um caráter romântico, afastado da realidade e sentia uma nostalgia por uma política apolítica.

Surge então uma das características do nazismo: a ideia de redenção pela arte. Apesar de eu gostar de Schopenhauer, seu caráter apolítico me incomoda. Fest o critica por tentar fazer da música uma solução para as tragédias da vida. Richard Wagner tentou fazer do teatro ” o fim da política e o começo da humanidade”. Para ele a política deve se tornar um grande espetáculo, o estado uma obra de arte e o artista deve tomar lugar do homem de estado. Walter Benjamin chamou o fascismo de “estetização da política”. Para Hitler nada havia fora da arte.

Fest conseguiu nesse livro explicar como o fenômeno do nazismo pôde acontecer na Alemanha. Angústia pela revolução, culto da arte e da mitologia, desprezo pela política e racismo diferenciavam a Alemanha de outros países.

Resenha de Hitler, de Joachim Fest

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A ascensão de Hitler ao poder
Essa é a melhor biografia de Hitler disponível. Joachim Fest mostra como um jovem obscuro, que levava uma vida sem objetivos, conseguiu chegar ao poder.Fest atribui ao caráter apolítico do povo alemão influenciado principalmente por Richard Wagner,a angústia do presente e negação estetizante de realidade, os fatores decisivos para que Hitler pudesse conseguir seus objetivos.Os alemães acreditavam na salvação pela arte e estavam mergulhados em mitologia, desprezando a política.O livro se concentra mais na chegada de Hitler ao poder do que no período da guerra. O autor não explica a origem do ódio de Hitler aos judeus, e isso acaba sendo uma parte que não fica bem esclarecida. Segundo o historiador Friedrich Heer, a origem do ódio de Hitler aos judeus está na cultura austríaca e nas deficiências do catolicismo. Mas Fest não fala sobre isso. Também não concordo com a tentativa de Fest de incriminar Schopenhauer pelo nazismo. A filosofia de Schopenhauer nada tinha em comum com as obsessões de Hitler.O ditador alemão via a si próprio mais como artista e arquiteto do que como político, e o aspecto teatral do regime nazista, com a influência de Wagner, a quem Hitler idolatrava, é bem destacado no livro.O capítulo “a visão” é o melhor do livro. Mostra a visão da história que Hitler tinha e suas imagens apocalípticas de “eras glaciais” e “milhões de anos”.O que fica claro é que Hitler era muito mais revolucionário e moderno do que seus adversários conservadores.

Joachim Fest fez uma afirmação polêmica no início do livro: a de que Hitler teria sido um dos maiores alemães se tivesse morrido em 1938. Na obra de John Lukacs, ” o Hitler da História”, podemos ver por que isso poderia ser verdade: Hitler dimimuiu drasticamente o desemprego, aumentou a taxa de natalidade alemã e fez com que o número de suicídios entre os jovens diminuísse muito.

Fest escreve muito bem e considero esse livro muito superior à biografia de Ian Kershaw.

Resenha de Hitler, de Ian Kershaw

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A biografia de Hitler, de Joachim Fest, é muito superior
O grande problema do livro é o fato de Ian Kershaw não ser um bom escritor. Seu estilo é chato e burocrático.Vou tentar fazer uma pequena comparação entre essa biografia e a de Joachim Fest.

A descrição da juventude de Hitler em Viena é diferente nos dois autores. Enquanto Kershaw se concentra muito na suposta origem do antissemitismo de Hitler em Viena, e fica muito dependente das memórias do Mein Kampf, Fest demonstra que o que marcava Hitler em sua juventude era seu caráter apolítico, e sua idolatria a Richard Wagner.

O compositor e Hitler tinham em comum o caráter extremado de suas reações e o estado permanente de exaltação, no qual depressões e euforia se alternavam. Sem a ópera e a arte demagógica de Wagner, o estilo representativo do III Reich é inconcebível.

Kershaw nada tem a dizer sobre as influências filosóficas sobre Hitler. Fest escreve sobre a influência do Darwinismo Social e, principalmente, Richard Wagner, com o seu misticismo da depuração de sangue em Parsifal.

Ian Kershaw escreveu um livro longo sem explicar como foi possível que Hitler chegasse ao poder na Alemanha. Joachim Fest explica longamente durante o livro o caráter apolítico do povo alemão. Havia o ressentimento estético-intelectual contra a política e o país estava tomado pelo pensamento mitológico.

Existia um romantismo e uma tentativa de redenção pela arte e fuga da realidade. Foi isso que Hitler ofereceu ao povo alemão: a tentativa de fuga da política através da teatralização da vida cotidiana.Como disse Walter Benjamin, o fascismo é a “estetização da política”.

A biografia escrita por Joachim Fest é muito melhor e mais bem escrita.

Recomendo também a obra Hitler’s Vienna, de Brigitte Hamann, que é muito detalhada e explica a origem de muitas das obsessões de Hitler em sua juventude.

A Guerra da Crimeia, por Orlando Figes

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A última cruzada
No início do século XIX, os russos formavam a maioria dos peregrinos que iam todos os anos a Jerusalém. Esse costume havia perdido muito de sua importância no ocidente, mas entre os russos ainda havia essa fé e crença de que Jerusalém de certa forma fazia parte do território da sua nação. Figes escreve sobre a crescente expansão do império russo iniciada com Pedro, o grande, no início do século XVIII, e a grande fragilidade exibida pelo império otomano. A Rússia cada vez mais inspirada pela ideia de ser a grande protetora dos cristãos ortodoxos nos Bálcãs e na palestina deixou os países do ocidente alarmados, especialmente a Inglaterra, que ainda exibia uma paranoia de achar que os russos queriam expandir seu império até a Índia. Havia uma crescente russofobia entre os políticos da França e da Inglaterra.

Figes atribui a guerra ao imperador russo Nicolau e aos intelectuais eslavófilos, que consideravam a Rússia como a grande mãe protetora dos cristãos e com o dever de recuperar Constantinopla dos Turcos. Ainda existia o fato do imperador francês Napoleão ser um grande reacionário, que via na guerra santa para recuperar o controle de Jerusalém como um meio de conseguir apoio entre os católicos em seu país. A Inglaterra e sua ganância por controlar todo o comércio de todo o mundo também estava interessada em se livrar dos russos e sua concorrência no Mediterrâneo e no Oriente. Em uma aliança improvável, os ingleses uniram-se aos franceses, e esses dois países cristãos uniram-se por sua vez aos turcos muçulmanos.

O livro narra em detalhes o cerco a Sevastopol e também exibe o ponto de vista do escritor russo Tolstoi, que lutou nessa guerra. No fim, a guerra da Criméia acabou sendo a última cruzada, uma guerra com fundo religioso entre governos conservadores e reacionários.

Resenha de A Arte da Política, de Fernando Henrique Cardoso

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Para quem gosta de política
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso relembra no início do livro o começo de sua vida política, passando pelos últimos anos do governo militar, as greves do ABC e pela sua fracassada disputa pela prefeitura de São Paulo . A elaboração da constituinte de 88 também é discutida, assim como a formação do PSDB. Mas o grande destaque do livro do ex-presidente é mesmo o plano real, um fator que mudaria o país.

No governo Itamar, vários ministros da fazenda já haviam sido demitidos, até que o presidente convocou para o cargo o ex-senador e ministro Fernando Henrique Cardoso. Ele logo chamou para apoiá-lo os economistas da PUC-Rio, tendo como objetivo acabar com a inflação.
Foi uma luta árdua. O Brasil estava fora do mercado desde a moratória em 1987, e o futuro ministro da fazenda de FHC, Pedro Malan renegociava a dívida. No Brasil , os desafios eram imensos. Não se sabia o quanto os estados deviam à união; o orçamento público era uma peça de ficção e as estatais eram deficitárias. O Brasil ainda era um país extremamente estatizado.

A inflação gerava lucros para os bancos e os grandes empresários, mas a população pobre e de classe média sofria. O plano real acabaria sendo um sucesso. FHC continua suas memórias falando como se mudou para Brasília, a importância que ele dava à imprensa e o início de formação de seu governo, quando ele precisava escolher nomes para os diversos cargos e ministérios de seu governo. Ele menciona a importância de se costurar alianças, especialmente com o antigo PFL e com o PMDB. É inegável o talento do ex-presidente nessa arte da negociação política.

FHC escreve sobre o projeto de reeleição, que tinha grande apoio popular, e sobre a suposta compra de votos por parte de seu governo para a aprovação do projeto. Nada foi provado, mas nesse episódio fica claro como o PT de então reagia com histeria às denúncias de corrupção no governo por parte da imprensa, essa mesma imprensa que hoje alguns petistas chamam de PIG. Ou seja, contra FHC as denúncias da Veja, da Folha e do Globo valiam, mas contra o PT não valem. FHC teve que enfrentar diversas denúncias de corrupção no seu governo, mas nunca atacou a liberdade de imprensa. Teve que agir rápido quando o senador Antônio Carlos Magalhães abusou de sua confiança.

Creio que o grande motivo de desgaste do governo Fernando Henrique foi a sua insistência na âncora cambial. Isso iria gerar grandes déficits em conta corrente e na balança comercial ao longo de seu primeiro mandato. Mas, pensando bem, o que FHC poderia fazer? Naqueles anos de 1995, 1996 e 1997 o investimento e o consumo explodiram ( devemos lembrar que as vendas de automóveis de 97 só foram superadas quase 10 anos depois), assim como o poder de compra dos trabalhadores. Milhares de pessoas saíram da miséria causada pela inflação e foram lançadas ao mercado de consumo.

Havia no governo o debate entre José Serra e Gustavo Franco a respeito do câmbio. Serra a favor de uma desvalorização cambial e Gustavo Franco defendendo a âncora cambial. Esse debate teria fim em janeiro de 1999 quando o real passou a flutuar. O grande azar de FHC e do Brasil seria que naquela época ainda não havia a China e nem um aumento expressivo do valor das commodities para socorrer nosso país como aconteceu no governo Lula.

O governo FHC teve a seu favor a modernização do estado, a implantação de programas sociais e ,principalmente, uma ampla discussão sobre a importância da educação. Seu governo universalizou a educação básica, criou o provão e o Enem, e fez milhares de pessoas voltarem aos bancos escolares. Creio que o saldo de seu governo, apesar do racionamento de energia e do erro na questão cambial, foi positivo. A partir do ano 2000 com o câmbio flutuante o Brasil passaria a gerar grandes superávits comercias. Pena que FHC só pode aproveitar isso por pouco tempo.

Recomendo o livro para pessoas que como eu adoram política e sabem reconhecer os méritos de nosso ex-presidente.

Resenha de A Viena de Hitler ( Hitler’s Vienna ), de Brigitte Hamann

Hitler´s Vienna

A juventude de Hitler em Viena
O período em que Hitler viveu em Viena é o mais misterioso e mal explicado de sua vida.Brigitte Hamann fala sobre o impacto que o fracasso no exame para se tornar artista teve sobre o jovem Hitler, mostra como ele tinha dinheiro, já que havia recebido uma herança;o desprezo que tinha pela educação, trabalho e dos trabalhadores, uma vez que gastava seu tempo em museus e teatros. Há uma detalhada descrição da multiétnica Viena, com sua população de judeus, tchecos e ciganos e da política da época.

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Resenha de Lenin- A Biografia Definitiva, de Robert Service

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A vida do Revolucionário
Vladimir Ulyanov nasceu e cresceu sob uma família burguesa e estável, e recebeu excelente educação. A morte prematura do pai não o abalou, no entanto a execução de seu irmão parece ter tido algum impacto, apesar de não ter sido decisiva para transformá-lo em um revolucionário.

Lenin desde cedo concluíra que o socialismo na Rússia precisava se basear em outra classe social que não a camponesa. A noção de que Lenin devia suas idéias à proximidade com os camponeses de Samara é falsa, pois nessa época ele só se preocupava com os estudos.

Lenin havia decidido que a classe operária teria a primazia na formação da sociedade socialista e acreditava que o futuro da Rússia estava na indústria, na urbanização e na organização social em larga escala.

Service diz que Lenin era excessivamente paparicado por sua irmã e sua mãe, e isso lhe teria dado a consciência de que era um líder natural.

Marx acreditava que a Rússia poderia passar do feudalismo para o socialismo sem passar pela transformação capitalista. Lenin exagerava o quanto o capitalismo estava avançado na Rússia e recomendava que suas idéias fossem adotadas também no ocidente.

Lenin sentia orgulho de seu passado judeu e sempre combateu o antissemitismo. Durante seu exílio em Munique escreveu a sua obra mais famosa “Que Fazer”, inspirada no livro de mesmo nome de Chernyshevski. Nesse livro utilizou pela primeira vez o nome de Lenin, inspirado por Lena, um rio siberiano. No livro ele discute a questão organizacional e a prioridade por disciplina e unidade.

Ele adorava congressos, tinha um enorme poder de convencimento e rejeitava todo o sentimento na política.

Quando aconteceu a revolução de 1905, Lenin se animou. Falava em insurreição armada e expropriação da terra dos fidalgos. Nessa época foram criados os Soviets, e Lenin foi obrigado a voltar para São Petersburgo, onde disputava com Trotski a liderança em discursos. Durante os acontecimentos, Lenin entrou em conflito com os mencheviques, porque estes defendiam uma revolução democrático-burguesa que deveria ser liderada pela classe média, enquanto Lenin defendia uma ditadura do proletariado e repúdio pela classe média.

O início da guerra em 1914 surpreendeu Lenin, mas ele, assim como os bolcheviques, mantiveram uma posição contrária à guerra, que Lenin classificou como burguesa e imperialista.Ele sustentava que a guerra imperialista deveria se tornar a “guerra civil européia”.

Lenin acreditava na ciência e no progresso. Estudou Aristóteles, conhecia muitas obras de Hegel e achava que era o único que havia compreendido a Karl Marx.

A descrição de Robert Service da chegada de Lenin à estação Finlândia na capital São Petersburgo me fez lembrar a maravilhosa cena do genial filme Outubro, de Sergei Eisenstein.

Os capítulos sobre o Tratado de Brest-Litovsk e a luta de Lenin para assiná-lo e sobre a Nova Política Econômica são ótimos, mas a narrativa sobre a guerra civil é inferior à de “A Tragédia de um Povo” de Orlando Figes, que é muito mais completa e tem maior força.

Uma coisa me impressionou depois de ler as biografias de Lenin, Stalin e Marx. Há uma profunda diferença entre a moralidade familiar desses revolucionários e a moral que alguns militantes de esquerda pregam.

Por exemplo: Marx e Lenin eram burgueses que se mantiveram casados com suas esposas apesar de tudo. Stalin era um tanto pudico, e os três jamais pregaram o aborto, o amor livre e o controle da natalidade. Lenin era contrário a relações sexuais casuais; Marx odiava a Malthus; Stalin dificultou o aborto na União soviética nos anos 30 depois que percebeu os resultados catastróficos da liberação do aborto nos anos 20( Ver Moshe Lewin, O Século Soviético). Marx considerava o amor livre como bestial. Todos eles adoravam crianças( Lenin era frustrado por não ter filhos). Marx e Stalin jamais pregaram às suas filhas uma moral sexual liberal. Os três eram extremamente apegados às suas famílias e filhos.

Gostaria de saber o porquê dessa diferença entre a moral dos grandes revolucionários e o militante de esquerda comum. É curioso notar como os grandes líderes de esquerda de ontem de de hoje são muito apegados à família, não evitam filhos e seus negócios são sempre dinásticos, ou seja, são herdados pelos seus filhos e netos, enquanto o militante de esquerda comum prega o aborto e o amor livre-claro, sempre para a família dos outros, nunca para a própria. É algo para se refletir.

Tudo isso pode ser lido nas biografias de Marx( Francis Wheen) e Stalin( Simon Montefiore).

Resenha de O Jovem Stálin, de Simon Sebag Montefiore

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A vida do jovem Stálin é muito interessante
Jovem Stálin é um livro surpreendente e muito bem escrito. Começa com a história dos pais de Stalin e abre a possibilidade de que ele possa ter tido um outro pai. Graças à sua mãe-que era uma personalidade notável-, e contra a vontade de seu pai, Stalin conseguiu entrar para o seminário e receber uma ótima educação. Conta como ele perdeu a fé e o seu talento para a poesia- na verdade seus poemas eram muito bons, especialmente o poema para Rafael Eristavi.

Stalin foi um homem muito inteligente e talentoso, ainda mais quando comparado a Hitler, que não teve educação e era um artista fracassado.

A carreira como terrorista começou cedo, depois de trabalhar como meteorologista e em uma refinaria, onde provocou um incêndio criminoso.

Há o relato do encontro com Lenin, e mostra a importância que os roubos e ataques piratas que Stalin promovia eram importantes para financiar a revolução de Lenin. O caráter vingativo e traiçoeiro de Stalin são muito bem descritos.

Ainda existem os relatos das inúmeras escapadas de Stalin do exílio e de seus casos amorosos, que são muito interessantes, assim como a discussão se ele foi um agente czarista, o que o autor acaba negando.

O capítulo que narra o exílio de Stalin no ártico é um dos melhores do livro. Ficamos surpresos quando lemos como ele se adaptou bem às condições locais.

A parte final fala sobre a revolução de Outubro, e podemos ver a participação decisiva de Stalin, principalmente quando ele salva a vida de Lenin. O livro nos mostra como Stalin esteve com Lenin e os bolcheviques desde o princípio, ao contrário de Trotsky,que só se juntou a eles no final, e a quem Stalin odiou desde o início.

Montefiore deixa bem claro que Stalin estava muito longe de ser uma “mancha cinzenta” e como sua imensa capacidade de liderança estava presente desde o início de sua vida como revolucionário. Lendo esse livro ninguém mais irá perguntar como e por que Stalin chegou ao poder.

Sem dúvida, uma das melhores biografias que já li. Muito detalhada e o tema da revolução russa é um dos que mais me interessam.

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A excelente biografia de Montefiore sobre a vida do joven Stálin foi uma revelação ao ocidente do início da carreira de um dos maiores ditadores do século XX. Stalin nasceu em uma famíla pobre; seus pais tinham uma relação conturbada pelo alcoolismo de seu pai, que queria que seu filho fosse sapateiro igual a ele, e não queria que fosse para a escola. Sua mãe, ao contrário, tinha uma personalidade estável, e fez de tudo para que seu filho estudasse em uma escola para padres. Como ela fez seu filho entrar para um seminário é contado no livro, e a explicação possível para isso é que Stalin fosse provavelmente filho de um padre local. Mas isso não pôde ser confirmado.

Stalin era um excelente aluno, e tinha uma voz muito bonita para o canto da igreja. Montefiore narra como o joven Stalin perdeu sua fé cristã e passou a se ocupar lendo literatura marxista. O ambiente do seminário era promíscuo e opressivo, e isso também contribuiu para que esse seminário gerasse toda uma geração de revolucionários ateus.

Stalin também era um poeta talentoso, e alguns de seus poemas são reproduzidos no livro. Ele poderia ter seguido a carreira de poeta se quisesse, pois levava jeito para a poesia. Stalin, nesse momento, porém, lutava contra um padre que o perseguia no seminário em busca de literatura “subversiva” que o jovem seminarista lia clandestinamente. Por causa de ter sido pego com esses livros, Stalin acabou expulso do seminário.

Depois desses acontecimentos, Stalin precisou conseguir um emprego para sobreviver. Teve um emprego inusitado: meteorologista. Esse emprego, no entanto durou pouco, e Stalin caiu na clandestinidade. Seu mundo era viver nas sombras, sem que ninguém soubesse de sua identidade.

Conseguiu um emprego em uma refinaria dos Rothschild, e lá, em pouco tempo, conseguiu provocar um incêndio criminoso para que esses famosos capitalistas do petróleo aceitassem às demandas dos trabalhadores.

As prisões

Stalin foi preso diversas vezes ao longo de sua juventude, mas conseguiu escapar na maioria das vezes com a ajuda de cúmplices dentro do sistema corrupto do czarismo. As prisões nessa época, ao contrário do tempo do comunismo, eram muitos frouxas em seu sistema de vigilância.

O encontro com Lenin

Em 1905, Stalin finalmente conseguiu encontrar-se com seu ídolo e chefe Vladimir Lenin na Finlândia. Stalin vinha há muito tempo se destacando como o principal responsável por conseguir fundos( dinheiro) para o partido. Vivia como um bandoleiro na Geórgia praticando o terrorismo e assaltos que conseguiram juntar uma quantidade impressionante de capital para o partido de Lenin.

Seria Stalin um agente czarista?

Montefiore escreve um capítulo sobre a possível ligação de Stalin com a Okhrana-a polícia secreta czarista. Esse capítulo é importante porque mais tarde historiadores da direita acusaram Stalin de promover o grande terror para encobrir o seu passado como agente do czar. O autor, porém, não conseguiu estabelecer essa ligação.

A prisão e o exílio siberiano

Stalin foi traído por um agente do czar infiltrado no partido bolchevique em um baile no qual tentou escapar usando roupas femininas. Não deu certo. Foi enviado para Turukhansk, no meio de uma região completamente desolada da Sibéria. Esse é o ponto mais interessante do livro. Stalin adaptou-se muito bem ao clima inóspito da Sibéria, e logo aprendeu a se virar para conseguir comida e sexo. Virou um caçador e tornou-se amante de uma mulher( na verdade uma adolescente) local. Dessa vez não conseguiu fugir e teve que cumprir a pena até o final em 1917, às portas da revolução.

A participação de Stalin na revolução de outubro.

Em março de 1917, Lenin voltou para São Petersburgo e para a Rússia após anos longe de casa. Essa cena da chegada de Lenin na estação ferroviária foi imortalizada na cena do filme Outubro, de Eisenstein. Lenin aproveitou o momento em que o czarismo estava agonizante após a humilhação e o esgotamento moral e financeiro provocados pela primeira guerra. Agora Lenin e Stalin poderiam trabalhar juntos. Lenin com seu carisma e liderança burgueses, e Stalin com seu profundo conhecimento da Rússia.

Nesse momento, Trotsky aproveitou para entrar para o partido bolchevique, e tornou-se a estrela do partido ao lado de Lenin. Mas isso era momentâneo. Stalin tinha uma rede de apoio na Rússia e na Geórgia que Trotsky não podia imaginar. Montefiore narra muito bem os acontecimentos da revolução, e como Stalin saiu das sombras para transformar-se no principal aliado de Lenin no poder. Fica muito claro a participação decisiva de Stalin para que Lenin pudesse sobreviver em momentos difíceis e como sua atuação nos bastidores revelavam sua personalidade e habilidade política.

A personalidade de Stalin

Graças à sua mãe, Stalin conseguiu ter uma ótima educação clássica, e desde cedo possuía um caráter de líder e uma autoconfiança que impressionava. Líder terrorista e eficaz para realizar assaltos que financiaram Lenin por muitos anos, Stalin só teve um único emprego durante sua juventude até a revolução. Sua atuação era nos bastidores e no mundo da ação, possibilitando a ele conseguir obter um profundo conhecimento da Rússia e da Geórgia, enquanto Lenin e Trostsky viviam sentados atrás de escrivaninhas longe da Rússia.

Sua personalidade e modo de agir lembram as recomendações de Maquiavel, entre elas de nunca possibilitar aos outros acumular poder acima do seu. Maquiavel diz que quem cria poder para os outros causa a própria ruína. Foi isso que Stalin fez, não em relação a Lenin, mas contra Trotsky. Stalin possuía um caráter forte, maquiavélico, cruel e ambíguo, o que leva em alguns momentos o leitor se identificar e até gostar dele, como o próprio Montefiore parece gostar, às vezes.

Não podemos nos esquecer que apesar de Stalin ter sido um vencedor, pois foi ele quem derrotou os nazistas e Hitler, foi esse mesmo Stalin o responsável por uma matança impressionante de seu próprio povo e da população da Ucrânia. Stalin não era um seguidor de Maquiavel em um ponto: a de que a crueldade deveria ser feita de uma vez só, sem perseverar nela durante muito tempo. Essa era uma lição que Stalin não aprendeu.

A História da Revolução Russa

 

 

 

Orlando Figes A tragédia de um povoTerra vasta, parcialmente habitada e com climas extremos e selvagens, a Rússia só pelo seu tamanho já teria sua importância garantida no cenário internacional. Mas não é somente isso: a Rússia tem uma história rica, repleta de invasões, tiranos e derramamento inútil de sangue. Uma parte dessa história é contada por Orlando Figes, em a Tragédia de um Povo.

Os livros sobre a história russa costumam se concentrar na revolução de 1917, pouco oferecendo ao leitor uma visão sobre a história do século XIX e início do século XX desse país. Figes vai aos primórdios do movimento revolucionário, e descreve muito bem as condições em que viviam os camponeses russos daquela época.

A Rússia foi um país que não viveu as transformações do renascimento e do iluminismo. A população camponesa ainda vivia na servidão, e o país não possuía uma filosofia desenvolvida o suficiente para colocar freios nos conspiradores e radicais. O analfabetismo era disseminado por todo o país, e a igreja ortodoxa não educava o povo, mas se preocupava muito em sustentar o poder dos czares corruptos. O cesaropapismo sempre foi a doutrina oficial da igreja oriental.

O imperialismo dos czares resultou em uma enorme quantidade de nações submetidas ao poder russo. Finlãndia, Polônia e Geórgia eram apenas alguns dos países que eram dependentes do governo autocrata russo. Os movimentos nacionalistas nesses países forneceriam alguns dos revolucionários mais perigosos do bolchevismo, mas o czar era surdo e cego em relação a essas nações.

O livro começa demonstrando que o que caracterizava o regime czarista era a ausência de controle. A ignorância e a superstição do camponês eram estimulados pela Igreja Ortodoxa, e o culto do czar era propagado pela direita, que teve dificuldade em perceber o surgimento de sentimentos nacionalistas. Apenas os socialistas abraçaram as idéias de autonomia e independência. A origem da agitação revolucionária estava nos movimentos de libertação nacionais.

O camponês russo era bárbaro, como fica claro no livro, e o burguês russo era ávido por filosofias que viessem do ocidente. Toda a novidade era rapidamente absorvida e consumida. A Rússia sabia do seu próprio atraso, e buscava tornar-se mais ocidental de uma maneira um tanto confusa. Figes descreve os costumes selvagens dos camponeses como denunciado por Tchekhov e Máximo Gorki, em contraste com a visão romântica de Tolstoi e Dostoievski.

Quando Marx chegou à Rússia, não havia uma teologia e ontologia que pudessem lhe fazer frente. A igreja ortodoxa sempre tinha se preocupado muito com o poder, mas havia sempre desconfiado da filosofia e teologia da igreja latina. A igreja católica preocupava-se muito com a razão e a filosofia, dizia a igreja ortodoxa. O resultado é que a burguesia e o povo não tinham em que se apoiar para sustentar uma luta contra o socialismo.

A revolução foi possível graças a uma combinação de desastres naturais( fome), um campesinato ignorante e abandonado pelo czar e uma burguesia que acolheu Marx com mais fanatismo e dogmatismo do que nenhuma outra nação.Podemos conhecer a história da fome de 1891, da revolução de 1905 e as revoluções de fevereiro e outubro de 1917

Enfraquecido primeiramente pela revolução de 1905 e pela guerra contra o Japão, o czar não soube aproveitar as lições desses acontecimentos para reforçar a democracia. A Rússia continuou sendo governada por grupos de interesse. Enquanto isso acontecia, Lenin, Trotsky e Stalin iam crescendo em suas retóricas e atitudes revolucionárias. O czar não sabia lidar com os camponeses, com os operários das fábricas e com os movimentos nacionalistas das nações satélites do governo czarista. No final do século XIX havia uma crescente desigualdade no campo, o que provocou uma migração em massa para as cidades. Essa mão de obra barata ajudou a tardia revolução industrial russa.O governo czarista ignorou a classe dos trabalhadores das fábricas, e isso seria decisivo para a queda do regime.

A revolução foi inevitável? sim, porque os soldados do exército branco nada tinham a oferecer em troca. Somente representavam o feudalismo e o antissemitismo do tempo do czar. Entre os brancos, muitos referiam-se aos revolucionários como agentes do judaísmo. A vitória vermelha foi justa.

A parte do livro que conta como foi o governo de Lenin não é tão boa quanto o livro de Robert Service, de mesmo nome. Há o relato dramático das negociações do tratado de Brest-Litovsk, que por pouco não destruiu a revolução.A parte que narra a guerra civil é muito detalhada.O exército reacionário dos brancos nada tinha a oferecer a não ser uma nostalgia pela velha monarquia, o ódio antissemita e a volta do feudalismo. O exército vermelho ainda teve que lutar contra a intervenção das potências estrangeiras e sua cruzada anticomunista, que tinha em Churchill ( sempre ele!) o seu maior entusiasta.

A importância que os comunistas davam à educação é enfatizada, assim como a revolução que Lenin levou ao campo através da NEP, como a introdução da eletricidade e de novas técnicas agrícolas. Figes não atribui tão claramente assim a fome de 1921 a Lenin e aos comunistas, ao meu ver isso é justo. Houve a intervenção estrangeira e uma guerra de sabotagem contra o governo central.

No geral, achei o livro equilibrado.É dado muito destaque à história do camponês reformista Sergei Semenov e a do escritor Máximo Gorki, que acabou se decepcionando um pouco com a revolução. Para uma narrativa mais simpática da vida de Lenin, recomendo a biografia de Robert Service. O autor também se mostra equivocado em relação a Stalin. Ele tinha muito mais educação do que Orlando Figes imagina.