Um pensamento gnóstico

 

“Desistindo de procurar por Deus, a criação e coisas como essas, busques por Ele dentro de ti e aprendas quem é que agrega em Si absolutamente todas as coisas dentro de ti, e digas: “Meu Deus, minha mente, minha compreensão, minha alma, meu corpo”. E aprendas de onde vem tristeza, a alegria, o amor, o ódio, a vivacidade involuntária, a sonolência involuntária, a raiva involuntária e afeição involuntária; e se tu investigares corretamente estes (pontos), O descobrirás, unidade e pluralidade, em ti mesmo, de acordo com aquela partícula, e saberás que Ele encontra a conexão como sendo tu mesmo.”

Monoimus, gnóstico árabe, Século II

Imagem: Tomasz Alen Kopera

Platão, Lutero e o homem justo

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O seu cadáver não permanecerá no madeiro, mas certamente o enterrarás no mesmo dia; porquanto o pendurado é maldito de Deus; assim não contaminarás a tua terra, que o Senhor teu Deus te dá em herança.

οὐκ ἐπικοιμηθήσεται τὸ σῶμα αὐτοῦ ἐπὶ τοῦ ξύλου ἀλλὰ ταφῇ θάψετε αὐτὸν ἐν τῇ ἡμέρᾳ ἐκείνῃ ὅτι κεκατηραμένος ὑπὸθεοῦ πᾶς κρεμάμενος ἐπὶ ξύλου καὶ οὐ μιανεῖτε τὴν γῆν ἣν κύριος ὁ θεός σου δίδωσίν σοι ἐν κλήρῳ.

Deuteronômio, 21:23 (Septuaginta, a versão grega do Antigo Testamento)

“Se você pergunta por que não acreditamos em Moisés é por causa de nosso amor e reverência por Cristo. A pessoa mais imprudente não pode ter prazer em considerar alguém que amaldiçoou seu pai. Nós abominamos Moisés, nem tanto por sua blasfêmia a todas as coisas divinas e humanas, mas sim pela sua horrível maldição que ele pronunciou contra Cristo o Filho de Deus, que por nossa salvação foi pendurado em uma árvore.

[…] suas palavras são: “maldito seja aquele que foi pendurado em uma árvore”. Você me diz para acreditar neste homem, apesar de que, se ele foi inspirado, ele deve ter amaldiçoado Cristo conscientemente e intencionalmente; se ele fez em ignorância, ele não pode ter sido divino. Escolha uma das alternativas.”

Fausto, Bispo maniqueu, em resposta a Santo Agostinho

“Assim sendo, o justo será flagelado, torturado, amarrado; seus olhos serão queimados e, por fim, depois de sofrer todos os males, será crucificado (άναοχινδυλευϑήσεται, que em grego significa “será atado ao tronco”)”

ἐκκαυθήσεται τὠφθαλμώ, τελευτῶν πάντα κακὰ παθὼν ἀνασχινδυλευθήσεταικαὶ γνώσεται ὅτι οὐκ εἶναι δίκαιον ἀλλὰ δοκεῖν δεῖ ἐθέλειν

Platão, A República, 362a

“Mesmo que as considerações de Platão sejam  apenas um momento da preparação dialética para a compreensão da justiça e para mostrar o caminho do verdadeiro entendimento da mesma, fica claro (no Mito do Anel de Giges) como são ambíguos os motivos da ação humana, e como é problemático dizer que você faz alguma boa para seu próprio bem.

De modo significativo é o sofrimento do homem justo que traz a motivação de Platão- e de Lutero- à luz. A questão de seu caráter único é o que leva à filosofia da cruz, no qual o senso de moralidade ameaça entrar em colapso.

Na figura do sofredor justo de Glaucon, dada as complexidades dos motivos humanos,  a questão da vontade de justiça, em volta do motivo da retidão, passa a girar em torno da pureza da motivação; então agora é a pureza, ao invés da justiça, que passa a ser a motivação.

A concepção de Lutero do quaerere quae sua sunt (buscar o que é seu) em comparação com Platão busca certamente o pensamento moral e metafísico, mas Paulo o faz em Romanos capítulo 7 ao modo da teologia; porém, Lutero vai muito além da moral em seu entendimento do pecado.

Experiência e autoconhecimento podem levar à clareza que a pessoa procura o que é seu em muitas coisas, mas não é o caso que o faça “em todas as coisas” (Romanos 6).”

Theodor Dieter, Der junge Luther und Aristoteles, P.93, 94, Editora De Gruyter, 2001(tradução nossa a partir do original em alemão)

Sobre o Destino

 

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“Não alimentes o Destino, ou seja, não agregues ao Destino aquilo pelo qual você é responsável, pois assim não escaparás dele, e sim o aumentarás.”

Proclo, Comentário aos Oráculos Caldeus

Destino

No dia em que você foi gerado para o mundo,
Pelo modo no qual o sol permaneceu saudando os planetas
Controlou sua fortuna a partir daquele momento em diante,
Pelo horóscopo que prevaleceu em seu nascimento.
Você deve ser assim: não pode escapar de si mesmo;
Assim foi decretado pelas Sibilas e pelos profetas.
Nenhum poder, nenhuma extensão do tempo, pode quebrar a forma
Impressa no desenvolvimento da vida.

Esperança

Contudo, pode ser aberto, o portão assustador
Que conduz através de muros e barreiras sólidas,
Ainda que mantenha-se firme como rochas antigas.
Um espírito gentilmente se agita, e liberta a si mesmo;
Para fora das nuvens, da neblina e da água da chuva,
Ergue-se conosco e nos dá asas.
Você sabe muito bem, ele passeia por toda parte;
Uma batida de asa, e as eras caem por trás de nós.

Goethe, Palavras Órficas (tradução nossa a partir do inglês)

Sobre a psique feminina

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Imagem: Daniel Murtagh- Raquel e Sara

Para o homem, a não compreensão deste aspecto pode ser mortal.

A Anima é a personificação de todas as tendências psicológicas femininas na psique do homem – os humores e sentimentos instáveis, as intuições proféticas, a receptividade ao irracional, a capacidade de amar, a sensibilidade à natureza e, por fim, mas nem por isso menos importante, o relacionamento com o inconsciente.

Nas suas manifestações individuais o caráter da anima de um homem é, em geral, determinado por sua mãe. Se o homem sente que a mãe teve sobre ele uma influência negativa, sua anima vai expressar-se, muitas vezes, de maneira irritada, depressiva, incerta, insegura, susceptível. No entanto, se ele for capaz de dominar estas investidas de cunho negativo, elas poderão, ao contrário, servir para fortalecer-lhe a masculinidade.

No interior da alma deste tipo de homem a figura negativa da mãe-anima repetirá, incessantemente, o mesmo tema: “ Não sou nada. Nada tem sentido. Com todos os outros é diferente, mas comigo…Nada me dá prazer.” Estes humores da anima provocam uma espécie de apatia, um medo a doenças, à impotência ou a acidentes. A vida adquire um aspecto tristonho e opressivo. Este clima psicológico sombrio pode, mesmo, levar um homem ao suicídio, e a anima torna-se, então, o demônio da morte.”

Marie-Louise Von Franz, O Homem e seus Símbolos

“Nas incontáveis qualidades da Lua, o homem viu o símbolo da natureza feminina, que parece para ele errática, mutável, inconstante e não-confiável.

[…] o caráter lunar da natureza feminina aparenta ao homem ser dependente apenas ao capricho dela. Se ela muda seu pensamento, ele até pode conceder pela concordância geral; nunca ocorre ao homem que, se ela muda, é porque algo mudou dentro de sua própria psique, que está bem pouco sob seu controle quanto, talvez, as condições do tempo.


24775109_1351152738329662_3019459764656064907_nO homem assume que ela mudou seu pensamento por causa de um capricho ou, talvez, por razões egoísticas convenientes. Ele espera que se ela disse que iria fazer uma coisa, 
então é verdade que ela iria. Em certo sentido, é claro, é verdade que ela deveria, mas como a natureza da mulher depende de um princípio vital cíclico, mutável, isso significa que quando chega o tempo da mulher cumprir sua promessa, as condições realmente mudaram. Isto é muito difícil para um homem entender porque seu princípio interior é o Logos… […] o da mulher é o sempre mutável princípio lunar.”

 

“O caráter cíclico da vida é a coisa mais natural do mundo para a mulher, mas permanece um completo mistério para o homem. Se a mulher está bem em um dia, e mal no outro, vai parecer a ela como se os objetos ou as condições mudaram de maneira rítmica, então o trabalho de hoje está fácil, mas a mesma coisa ficará difícil amanhã.

A vida para a mulher é cíclica, e sua experiência atual não é apenas o ritmo do dia e da noite, mas também o dos ciclos lunares. No curso deste ciclo, que estranhamente corresponde às revoluções da lua, a energia da mulher brilha enormemente, e depois decai.

Em sociedades onde os fatos da natureza não foram distorcidos, as vidas das mulheres e seus comportamentos são ditados pelo ciclo lunar. Lá suas vidas são focadas ao redor das mudanças regulares de sua parte psicológica. Períodos de trabalho em casa, de vida social, relação com os vizinhos e com o marido, com intervalos de reclusão. Nos dias passados sozinhas, elas experimentam ritos de purificação, para que possam entrar em contato com o seu inconsciente.

O tabu da menstruação era enfrentado como uma reação psicológica, por exemplo, do homem, que via nesta condição uma qualidade perigosa da mulher.

Afastando-se de seu marido, por exemplo, a mulher percebia que a necessidade de isolar-se era uma maneira de protegê-lo das suas qualidades perigosas de sua condição.”

Esther Harding, The inner meaning of the moon cycle, 1935, p.241 (tradução nossa a partir do inglês)

 

Sobre os tempos sombrios da política

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Imagem: Karl Briullov, os Vândalos saqueiam Roma no ano 455 da Era Cristã.

“As formas do bem-estar constitucional são a justiça e a temperança. A causa criativa é a vida contemplativa. O paradigma é o cosmos, desde que o estadista organiza tudo com seus olhos no universo, que é a plenitude com a ordem, pois Platão denominou o universo ‘organização’- e não ‘desorganização’. E hábitos e a educação são os instrumentos. O fim é o bem. E perceba que o bem é duplo, uma parte vinda conosco quando amadurecemos, e a outra quando declinamos. O primeiro é o bem constitucional, e o segundo é o bem contemplativo.”

Olimpiodoro, o Jovem Ὀλυμπιόδωρος ὁ Νεώτερος (495-570), Comentário ao Górgias, de Platão. Editora Brill, 1998 (tradução nossa a partir do inglês)

Olimpiodoro ensina que quem não quer sofrer injustiça deve ser um amigo da constituição em vigor, assimilando-se a ela e, portanto, perdendo sua alma. A constituição interna do homem justo é sempre superior à da constituição vigente.

“Platão diz que o universo é nossa cidade, e que seu governante é Deus. Assim sendo, nós devemos nos assimilar a Deus e ao Cosmos, e viver de acordo com aquela constituição, e não com esta.”

Olimpiodoro, o Jovem Ὀλυμπιόδωρος ὁ Νεώτερος (495-570), Comentário ao Górgias, de Platão. Editora Brill, 1998 (tradução nossa a partir do inglês) p.251

“Marinus, o biógrafo do filósofo neoplatônico Proclo, descreve a situação política dramática na qual viviam os últimos pagãos da Antiguidade:

“Não somente os cristãos são estranhos ao nosso mundo, mas também detêm o poder. Eles são os grandes abutres e os espíritos Tifônicos (Tifão é o monstro que rege os ventos) que subverteram a vida do Direito e da Lei.

Diante de um inimigo mais poderoso, era melhor não provocá-lo, assim dizia a teologia pagã.

Proclo fazia a seguinte reflexão: “podemos sofrer violência, mesmo que sejamos mais pios do que nossos adversários.”

Como remédio para aquele tempo de trevas, o filósofo Porfírio recomendava preservar a ordem racional intacta, praticar a catarsis intelectual, e evitar a todo custo a amathia (ignorância) dos sofistas (os cristãos).”

Niketas Siniossoglou, Radical Platonism in Byzantium: Illumination and Utopia in Gemistos Plethon (tradução nossa a partir do inglês)

Dionísio como a mônada dos Titãs

 

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Imagem: Antínoo 110-130 d.C , amante do imperador Adriano, como o Deus Dionísio. Roma, Vaticano, Sala Rotonda

“Eu, filho de Zeus, vim para a terra de Tebas- Dionísio, a quem Sémele, filha de Cadmo, deu à luz, persuadida a fazer isto por um relâmpago, após ter modificado minha feição divina para uma forma humana.” (p.55)

“Tendo mudado sua aparência mortal de modo a revelar seu poder aos incrédulos Tebanos, e para punir Penteu, seu rei. Então ele diz: Por esta razão, mostrar-lhe-ei que sou um deus.” (p.57)
 
Os antigos oponentes do Cristianismo demonstraram o contraste entre a morte impotente de Jesus com o poder de Dionísio nas Bacantes! O filósofo Celso, que viveu no segundo século da Era Cristã, percebeu que Dionísio afirma: “o próprio Deus libertar-me-á quando eu quiser”, e o comparou com Jesus, que não pôde libertar-se a si mesmo. De acordo com Orígenes, Celso também escreveu assim: mas aquele que condenou a Jesus não conseguiu nem mesmo sofrer o destino de Penteu tornando-se louco ou sendo feito em pedaços” (p.150)
 
Dennis R. Macdonald, The Dyonisian Gospel, Fortress Press, 2017. (tradução nossa a partir do original em inglês)
 
“A alma, quando vive com as virtudes éticas e físicas, simboliza o reino de Dionísio; então ele é cortado em pedaços, porque estas virtudes não implicam uma a outra, portanto os Titãs comem da sua carne, e este mastigar implica na divisão extrema, pois Dionísio é o patrono deste mundo, onde a separação prevalece do que é meu e o que é teu. Nos Titãs, que o cortam em pedaços, o “tí” (algo, em grego) representa o particular, porque o universal é quebrado na gênesis (nascimento), e Dionísio é Mônada dos Titãs.
 
A explicação do neoplatônico Olimpiodoro, o Jovem (Ὀλύμπιόδωρος ὁ Νεώτερος), é que o assassinato de Dionísio representa o sofrimento da alma humana quando entra no domínio da gênesis.” (p.233)
 
Robbert Maarten van den Berg. Proclus’ Commentary on the Cratylus in Context: Ancient Theories of Language, Brill, 2007 (tradução nossa a partir do original em inglês)
 

Resenha: Precarious Japan, de Anne Allison

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A humanidade dispõe de uma grande biblioteca com títulos que explicam o fim das grandes civilizações da Antiguidade, e mesmo no século XX, Oswald Spengler escreveu sobre a decadência do Ocidente. Mas como seria um livro sobre a progressiva perda de esperança e uma drástica queda da natalidade de uma nação contemporânea? Anne Allison, uma professora de antropologia cultural estadunidense, revela em seu livro Precarious Japan um cenário dramático para este país, que já foi uma potência militar agressiva, e que até duas décadas atrás era uma potência industrial em expansão. [Read more…]

Algumas opiniões de Lutero sobre Aristóteles

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Aristoteles male reprehendit ac ridet Platonicarum idearum meliorem sua philosophiam.

“Aristóteles refuta muito mal as Ideias platônicas, que são melhores do que sua filosofia.”

Cui per omnia contrarius Aristoteles ridet illa separata et intelligibilia et trahit ad sensilia et singularia penitusque humana et naturalia. Verum id facit astutissime: Primo, quia non potest negare illa individua esse fluxa, finxit aliud formam, aliud materiam, et ita res ut materia non est scibilis, sed ut forma. Ideo dicit formam esse causam sciendi, et hanc vocat “divinum, bonum, appetibile” et huic intellectum tribuit. Et sic eludit omnium mentes, dum eandem rem dupliciter considerat.

“Sendo em tudo contrário às Ideias, Aristóteles ridiculariza as coisas inteligíveis e separadas e as coloca nas coisas sensíveis e separadas, completamente humanas e naturais. Mas ele faz isso muito astutamente.

Primeiro, porque ele não pode negar que o individual está em fluxo, ele inventa uma forma e uma matéria diferente, então a coisa não é conhecida como matéria, mas sim como forma. Portanto, assim ele diz que a forma é a causa do conhecimento, e a isso ele denomina “divino, bom e desejável”, e ele atribui ao intelecto. Então ele frustra toda mente, pois examina a mesma coisa duas vezes.”

Martinho Lutero, Probationes (tradução nossa a partir do original em latim)

“Na vigésima oitava prova da tese da disputa de Heidelberger, Lutero delineia um argumento contra um teorema aristotélico fundamental. Em contraste com a crítica de Lutero à compreensão aristotélica da virtude da justiça, ainda não ganhou ainda a atenção devida. Embora a objeção de Lutero tenha sido percebida e parafraseada, mas não de maneira sistemática, a intenção é examinar a consideração de Lutero, pois Aristóteles, em sua doutrina psicológica, descreve a estrutura ôntica do pecador, que busca suas próprias coisas em tudo. Mas o fato do pecador ser pensado como um homem autoritário está em contradição com a Teologia.”

“A segunda parte, está claro, é toda do filósofo e do teólogo, pois o objeto é a causa do amor, colocando Aristóteles toda a potência da alma passiva para receber o material, e demonstra que a filosofia é contrária à teologia, enquanto em todas as coisas pede aquelas que são suas, e aceita mais do que o bem que contribuiu. “ Lutero

Theodor Dieter, Der junge Luther und Aristoteles (Tradução nossa a partir do original em Alemão/Latim)

“Parece que aquele que deseja coletar todas as coisas de uma só vez está apenas adquirindo para si mesmo o desespero com grandes lamentos, pois ficará cheio de desespero se espera que Deus vai fazer chover boas coisas para ele neste presente momento, mas não depois. E tornar-se-á cheio de infidelidade se não acredita que a Graça Divina não irá, agora e em todos os tempos, cair sobre aqueles que são dignos dela; e será um tolo se pensa que será um guardião competente aquele que coleciona coisas contrárias à vontade de Deus…”

Fílon de Alexandria, The Allegories of the Sacred Laws, after the work of the six days of the Creation (tradução nossa a partir do inglês)

Sêneca: como podes pensar que isto não possa acontecer novamente?


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Non putaui futurum. Quicquam tu putas non futurum quod [multis] scis posse fieri, quod multis uides euenisse? Egregium uersum et dignum qui non e pulpito exiret:cuiuis potest accidere quod cuiquam potest!

Não pensava que isto pudesse acontecer! Como podes pensar que algo não possa acontecer quando você sabe que acontece com muitos homens e que já aconteceu com muitos?

Este é um nobre verso e digno de uma mais nobre fonte do que o palco:

“o que um já sofreu pode cair sobre todos nós!”

Sêneca, de Consolatione Ad Marciam (tradução nossa a partir do latim)

Carl Gustav Jung: nunca puxe para cima o submundo do Hades

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Pense sempre muito antes de falar. Evite contaminar seu vocabulário com “palavras de poder”.

“Existem tramas infernais de palavras, somente palavras, mas o que são palavras? Sê cauteloso com palavras, escolhe-as bem, toma palavras precisas, palavras sem armadilhas, não as entrelaces para que não surja nenhuma trama, pois tu és o primeiro que nela se enreda. Pois palavras têm significados. Nas palavras puxas para cima o submundo.” 

Pois palavras não são meras palavras, mas têm significados para quem foram compostas. Elas atraem os significados como sombras demoníacas. Pelas palavras puxas para cima o submundo.”

Carl Gustav Jung, O Livro Vermelho, p. 312. Editora Vozes