Resenha da Introdução ao estudo de Santo Agostinho, de Étienne Gilson

Agostinho Etienne Gilson

Étienne Gilson foi um filósofo da tradição tomista e um dos maiores historiadores da filosofia patrística e medieval. Nessa ótima introdução ao pensamento de Santo Agostinho, Gilson faz um pequeno resumo de algumas das principais características da “filosofia” do santo. Filosofia está entre aspas porque o próprio Gilson reconhece que o pensamento de Agostinho é difícil de ser definido como uma filosofia. Complexa e inacabada, a obra de Santo Agostinho inspirou toda a Idade Média e filósofos modernos desde Descartes até Heidegger.

O livro faz pequenas explicações e observações sobre as obras principais do teólogo, e aponta algumas das influências e fraquezas presentes em tão vasta literatura. Fica demonstrada a influência de Platão, principalmente pelo Timeu e a ideia de um Artifíce que criou e governa um cosmos ordenado. De Plotino, esse sim a principal referência de Santo Agostinho, ele recebeu sua técnica filosófica. Gilson também fala sobre a Cidade de Deus e as Confissões, mas eu achei toda essa parte um pouco superficial. O livro tem mais força quando demonstra certas indefinições e contradições do pensamento de Santo Agostinho, e também o poder que Plotino exerceu sobre ele.

Gilson faz ainda uma comparação entre o pensamento de Santo Agostinho e de Santo Tomás de Aquino em determinadas passagens, o que eu gostei muito. A filosofia de Santo Agostinho é menos rigorosa do que a de Santo Tomás. O primeiro, no entanto, foi muito mais influente no curso da civilização do que Santo Tomás, que no geral ficou sendo um filósofo mais da igreja e não tão acessível a quem está de fora. Ficou faltando ao livro uma análise mais detalhada da monumental Cidade de Deus. Esse livro simplesmente fundou a Idade Média e merecia maior atenção.

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