Algumas das posições políticas que Tocqueville mantém durante sua carreira política e como ministro de relações exteriores são a defesa da República, a admiração pela aristocracia inglesa e sua repulsa por Napoleão III e a previsão de que ele restauraria uma monarquia deformada. Esse livro de memórias de Tocqueville é muito mais fácil de se entender e mais bem escrito do que o 18 Brumário de Luís Bonaparte, de Karl Marx.
Tocqueville era um conservador, mas não a ponto de se aliar com o ultraconservadores, muito menos com o clero e os católicos monarquistas. O cientista político francês era um republicano e ardoroso defensor da democracia. Seu inimigo declarado era o socialismo e a revolução vermelha.
No apêndice do livro, Tocqueville narra seu encontro com Napoleão. Ele sabia que o “presidente” iria dar o golpe da reeleição, e com isso, desrespeitar à constituição. Tocqueville dá três opções de dar o golpe de forma bem direta ao futuro autocrata da França: Sair da constituição com a ajuda da assembleia; com suas próprias forças; ou a melhor, dar o golpe com a ajuda do povo. Ele dará o golpe em 1851.
Outra advertência que Tocqueville faz a Napoleão é a de não se apoiar o clero nem os ultracatólicos. Isso foi em vão, pois o futuro ditador irá misturar política com religião ( o que fez a alegria dos católicos conservadores), e lançará a França em uma guerra sangrenta com a Rússia em nome do catolicismo. Tocqueville alguns anos antes tratou dessa questão e tudo caminhava para uma solução pacífica e racional. Mas ele foi demitido do cargo… O resultado foi a guerra da Crimeia.