Essa introdução à filosofia de Ortega y Gasset é diferente de outros livros que também pretendem ser uma introdução a essa disciplina como a de Jacques Maritain, por exemplo. Ortega y Gasset não dá uma explicação do que seja a ontologia ou a lógica, mas já parte para uma definição do que a filosofia pretende estudar e ensinar. O filósofo espanhol defende que a filosofia é o conhecimento do universo e do que há nele.
Essa é uma definição de filosofia muito grandiosa e especial, que coloca a filosofia acima de ciências como a matemática e a física, esse ponto sendo muito ressaltado pelo filósofo. Concordando com a definição platônica de que o filósofo é um philotheamones ( amigo do olhar), ou seja, um amante de espetáculos, Ortega y Gasset expande esse conceito de filósofo para aquele que também busca o que não está aí: o ser das coisas, nas suas palavras.
Até aí tudo bem. O problema é que Ortega y Gasset vai escrevendo em uma espiral de condenações ao idealismo, e pior, até contra a filosofia de Platão e Aristóteles, dando a impressão que ele está construindo uma filosofia própria que virá demolir todas essas escolas de pensamento para, no fim, declarar que tudo o que ele escreveu tem como base a filosofia de Heidegger e sua fenomenologia.
Para uma refutação de Ortega Y Gasset e sua fenomenologia heideggeriana cito as palavras de Jacques Maritain: ” a escola de Aristóteles e São Tomás ensina que a verdade não é impossível nem fácil, mas difícil de ser alcançada pelo homem(…) de outro lado, compreende que a razão é o nosso único meio natural de entrar em posse da verdade, contanto que seja formada e disciplinada: em primeiro lugar e antes de tudo pela própria realidade, porque não é o nosso espírito que mede as coisas, mas as coisas que medem nosso espírito; em seguida, por mestres, porque a ciência é uma obra coletiva, não individual, e só pode ser edificada pela continuidade de uma tradição viva; enfim, por Deus, se lhe aprouver ensinar aos homens e outorgar aos filósofos a norma negativa da fé (e da teologia).”
Certamente não é com Ortega y Gasset que rejeita toda a base da filosofia grega a respeito da realidade que alcançaremos o que é verdadeiro.
Não recomendo esse livro. Para uma verdadeira introdução à filosofia e seu significado sugiro a obra de Jacques Maritain ” Introdução Geral à Filosofia”.