Resenha de A Burguesia, de Régine Pernoud

A Burguesia

 

O surgimento da burguesia
Desde o aparecimento da palavra Burguês no longínquo ano de 1007, historiadores, economistas e filósofos se perguntam: o que é um burguês?

A excelente historiadora Régine Pernoud define o burguês da Idade Média como um homem da cidade, que é sobretudo um comerciante e que idolatra o direito romano. A influência do direito romano na Idade Média foi enorme e se fez sentir no direito canônico da Igreja, no Romance da Rosa e nas universidades.

Nos séculos XVII e XVIII a burguesia fará triunfar duas mentalidades: o livre comércio e o liberalismo econômico. Surge então a prática do açambarcamento e do monopólio, que haviam sido condenadas na Idade Média.

O filósofo que dá a base à burguesia é Descartes, ele próprio um burguês, que rejeitava o passado e a filosofia escolástica. Diz Régine Pernoud: ” Descartes ensinava uma filosofia estritamente racional; ele desconfiava instintivamente de tudo o que não se podia contar ou formular de maneira evidente”. Tal como Descartes, a burguesia deixa a Metafísica fora de suas investigações.

Já o burguês do século XIX pode ser definido como um capitalista, uma pessoa especialmente preocupada com a propriedade e que gosta de aplicar seu dinheiro em bens imobiliários. Seu credo é a declaração de direitos do homem, especialmente a parte que diz que a propriedade é ” um direito inviolável sagrado”.

O burguês é um homem que despreza as províncias, que paga imposto, sendo, portanto, um eleitor. É um homem culto, que baseia sua educação na cultura clássica. Sua mulher tem qualidades de dona de casa e recebeu uma educação religiosa, que é importante para as mulheres. Tem somente um filho e sua mulher suporta que tenha uma amante. O burguês do século XIX se escandaliza por a Igreja ter renovado sua condenação dos juros.

Marx estava certo sobre o papel revolucionário da burguesia na história, e Lenin, que era um burguês, está aí para comprovar a tese.

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