A Guerra da Crimeia, por Orlando Figes

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A última cruzada
No início do século XIX, os russos formavam a maioria dos peregrinos que iam todos os anos a Jerusalém. Esse costume havia perdido muito de sua importância no ocidente, mas entre os russos ainda havia essa fé e crença de que Jerusalém de certa forma fazia parte do território da sua nação. Figes escreve sobre a crescente expansão do império russo iniciada com Pedro, o grande, no início do século XVIII, e a grande fragilidade exibida pelo império otomano. A Rússia cada vez mais inspirada pela ideia de ser a grande protetora dos cristãos ortodoxos nos Bálcãs e na palestina deixou os países do ocidente alarmados, especialmente a Inglaterra, que ainda exibia uma paranoia de achar que os russos queriam expandir seu império até a Índia. Havia uma crescente russofobia entre os políticos da França e da Inglaterra.

Figes atribui a guerra ao imperador russo Nicolau e aos intelectuais eslavófilos, que consideravam a Rússia como a grande mãe protetora dos cristãos e com o dever de recuperar Constantinopla dos Turcos. Ainda existia o fato do imperador francês Napoleão ser um grande reacionário, que via na guerra santa para recuperar o controle de Jerusalém como um meio de conseguir apoio entre os católicos em seu país. A Inglaterra e sua ganância por controlar todo o comércio de todo o mundo também estava interessada em se livrar dos russos e sua concorrência no Mediterrâneo e no Oriente. Em uma aliança improvável, os ingleses uniram-se aos franceses, e esses dois países cristãos uniram-se por sua vez aos turcos muçulmanos.

O livro narra em detalhes o cerco a Sevastopol e também exibe o ponto de vista do escritor russo Tolstoi, que lutou nessa guerra. No fim, a guerra da Criméia acabou sendo a última cruzada, uma guerra com fundo religioso entre governos conservadores e reacionários.

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