Resenha do livro Arte e Beleza na Estética Medieval, de Umberto Eco

arte-e-beleza-na-estetica-medieval

 

A Beleza da Idade Média
Para começar, eu recomendo que se leia esse livro junto com o Outono da Idade Média, de Huizinga. Eco cita Huizinga que demonstra que os medievais convertiam rapidamente o sentimento do Belo com a pura e simples alegria de viver. O Belo deveria coincidir com o bom e o verdadeiro. Uma das crenças mais fortes da Idade Média era a da beleza e bondade do mundo e de todos os seres. A imagem do universo é cheia de luz. Os medievais baseavam-se no livro do Gênesis e o da Sabedoria.

Eco diz que a metafísica medieval irá refutar o gnosticismo demonstrando que a unidade, verdade e bondade não são valores acidentais, mas são inerentes ao ser em nível metafísico. Disso resultará que toda a coisa que existe é verdadeira e boa.

A escola de Chartres dirá que a natureza e não o número é que rege este mundo. Alain de Lille cantará:

Ó filha de Deus e mãe das coisas,
que manténs unidos e tornas estável o mundo,
gema para os homens, espelho para os mortais,
luz do mundo.
Paz, amor, virtude, governo, poder,
ordem, lei, fim, caminho, guia, origem,
vida, luz, esplendor, forma, figura,
regra do mundo.

O livro destaca uma das características mais notáveis da arte medieval: o gosto pela luz. Isso fará nascer a catedral gótica e seus magníficos vitrais e irá gerar uma das mais espetaculares invenções medievais: os óculos. Dirá Suger sobre a sua obra: ” e o que uma luz nova inunda, brilha como nobre obra”.

As grandes maravilhas da idade média, como suas catedrais românicas e góticas, suas cidades e pequenas vilas, sua arte e sua escultura, nos maravilham até hoje. A idade média produziu uma beleza e uma estética que eu considero a mais bela de todos os tempos. Tudo nos fala de fé, esperança, amor a Deus e combate ao mal, nos lembrando sempre que quem não combater irá se perder. A poesia medieval nos deixa o Lauda Sion, o Stabat Mater e o Dies Irae, e sua arquitetura criará cidades como York e Carcassone.

O alegorismo artístico de Van Eyck, os vitrais e das esculturas como o belo Deus de Amiens podem ser representadas novamente pela poesia de Alain de Lille:

Toda a criatura do mundo,
como se fosse livro ou pintura,
é para nós como um espelho.
Da nossa vida, da nossa morte,
da nossa condição, da nossa sorte,
fiel signo.

Essa beleza da idade média que nos atrai atá hoje é devido à sua proporção, como nos diz São Tomás: ” o belo consiste na devida proporção, pois nosso sentidos deleitam-se nas coisas bem proporcionadas”. O sentido como qualquer outra faculdade cognoscitiva é uma espécie de proporção. Três coisas são requeridas para serem consideradas belas segundo São Tomás: integridade, harmonia e clareza ou esplendor.

%d blogueiros gostam disto: