Resenha de A Metafísica do Belo, de Schopenhauer

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Um verdadeiro curso de estética
A metafísica do belo compreende as aulas que Schopenhauer deu na universidade de Berlim em 1820, na mesma época em que Hegel dava aulas nessa universidade. As aulas ministradas por Schopenhauer ficavam com as salas de aula vazias, por causa disso ele desistiu de seguir carreira universitária desde então.

Schopenhauer parte do idealismo de Platão e Kant, considerados por Schopenhauer os dois maiores filósofos do ocidente. No idealismo de Platão, um cavalo que estivesse diante de nós não possuiria uma existência verdadeira, mas apenas um constante vir-a-ser. Somente a ideia daquele animal, que nunca veio-a-ser ,é o que importa. Portanto, é indiferente se o cavalo que temos diante de nós é esse cavalo ou seu ancestral que viveu séculos atrás. Unicamente a ideia do cavalo é objeto do conhecimento real. Para Kant, esse cavalo é apenas um fenômeno em relação ao nosso conhecimento e nunca a coisa-em-si.
Uma grande diferença entre Schopenhauer e Hegel é que Hegel é o filósofo da história, e Schopenhauer é a-histórico, pois para Schopenhauer a história é somente a forma casual do fenômeno da ideia. A história nada cria de novo e os papéis que os seres humanos exercem são sempre os mesmos. Não haveria assim um objeto final da história.

A satisfação estética para Schopenhauer é o estado do puro conhecimento destituído de vontade, que é o único que pode nos fornecer um exemplo da possibilidade de uma existência que não consiste no querer. É através da supressão do querer que o mundo pode ser redimido. A impressão do sublime pode ser despertada em locais onde a paisagem não fornece à vontade nenhum meio de se manifestar. É nessa ocasião que o sujeito pode contemplar a ideia. O homem nessa ocasião poderá sentir-se angustiado pelo pensamento de que um dia irá desaparecer. Mas Schopenhauer nos diz que essa é uma aparência enganosa, pois o mundo existe apenas na nossa representação. A grandeza do mundo e sua existência repousa na nossa consciência.

É tarefa da filosofia tornar claro que somos uma única e mesma coisa com o mundo: “ todas essas criações em sua totalidade são eu, e fora de mim não existe ser algum” ( Upanixade). Depois de dizer que todas as coisas são belas e demonstrar um otimismo prático, que muito recusam-se a reconhecer em sua filosofia, Schopenhauer reabilita a poesia e demonstra sua importância para a filosofia, criticando a famosa intolerância de Platão nesse assunto.

Schopenhauer discute o valor e a beleza de diversas artes como a arquitetura, no qual ele defende a arquitetura grega e critica a gótica, opinião essa na qual eu discordo pois considero a arquitetura gótica como a mais bela que existe; depois ele analisa a jardinagem, a pintura, que ele vê como a mais bela e correta a arte flamenga, criticando somente essa arte quando alguns pintores reproduzem imagens de comidas e bebidas diversas, pois isso produziria um desejo ou vontade no espectador.

Por fim, existe a música, considerada por Schopenhauer a melhor de todas as artes, pois assim como a filosofia, a música permite a alma penetrar na essência do mundo. Para quem gosta de estética e quer conhecer outras visões sobre a arte, recomendo o curso de estética: o belo na arte ,de Hegel, assim como a introdução às artes do belo, de Etienne Gilson.

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